"-Este sou eu, rapazelho, de férias, na Figueira da Foz.
Ainda hoje tenho pela cidade uma ternura especial e muito devido às lembranças dessa época. Íamos, sempre, em Agosto e alugávamos casa na rua do Vizo, junto ao Touril. Já na altura não entendia o gáudio que a lida causava nos ditos aficionados.
A manhã era passada na praia, imensa e alinhada consoante as posses de cada um. Se junto ao relógio, em frente ao Grande Hotel, pontificava a burguesia de Coimbra, em Buarcos, terra de pescadores, veraneavam os de magros recursos. Nós, ficávamos ali entre uns e outros, já que éramos remediados, como ora se dizia.
Recordo o homem da bolacha americana ou da língua da sogra, assim chamada talvez pela sua “compridez”, bem como a senhora das bolas que se esbarrigavam de creme. Vinham ao alto, numa caixa de folha imaculada. Também se vendiam os bolos que, tal como a pedra, dão bom nome à vila de Ançã, e o rajá fresquinho. Só a prosa me faz salivar de desejo!
A venda da Bolacha Americana - Anos 40 |
Já de embirrar mesmo, eram os mergulhos encomendados ao banheiro, vá-se lá saber porquê… e logo naquelas tão gélidas águas… e a sesta depois do almoço, que me diziam ser boa para deitar corpo e eu a tê-la sempre como pura perda de tempo, que o que queria era folgança!
Felizmente que a tarde não acabava sem irmos às amoras, das que deixam os lábios tintos. Era cá uma barrigada!" (Manuel Luís Goucha no seu blogue, em 22 de junho/013)
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