Jorge Sampaio deu lição de boa educação > > > Uma história de bastidores passada em Buarcos no restaurante Teimoso!
A revista Visão evoca o antigo Presidente da República hoje falecido, contando três "histórias de bastidores" evocadas por João Gabriel, antigo jornalista, hoje a trabalhar em comunicação e radicado no Dubai. Histórias marcantes e pouco conhecidas, que ajudam a definir a personalidade de Jorge Sampaio.
Uma passou-se numa sua deslocação à Figueira da Foz para conhecer a sua mandatária, que o jornalista intitulou "A importância de respeitar os outros (ou uma lição de boa educação)":
O nome do restaurante remetia para um temperamento vincado: “O Teimoso”. Era um espaço retangular de boas dimensões, dividido ao meio por umas escadas assinalavam dois planos com alturas diferentes. Havia mesas enormes que corriam todo o comprimento da sala.
Quando Sampaio chegou já as pessoas enchiam o interior do restaurante com as mesas generosamente municiadas de comida. A mandataria da Figueira da Foz, Laurinda Natércia, uma professora de História do ensino secundário, que Sampaio não conhecia, dava mostras de algum nervosismo. Afinal de contas era a primeira vez, em 47 anos que levava de vida, que assumia um apoio político e logo como mandataria.
Já no interior, em cima de um pequeno estrado montado para o efeito e de onde se tinha uma visão ampla da sala, a mandataria tirou do bolso três, quatro folhas cuidadosamente manuscritas que tinha preparado sabe-se lá durante quanto tempo. Aquele era o momento. As mãos tremiam-lhe ligeiramente, mas sentia-se que tinha gosto em estar ali, em ser a anfitriã de Sampaio naquela noite.
A leitura corria pausada e nervosa quando, primeiro de uma forma envergonhada, depois de forma assumida, a assistência decidiu “atacar” as iguarias servidas nas mesas. O barulho de pratos e talheres já era tal que mal se conseguiam ouvir as palavras da professora. O rosto de Sampaio que observava aquela cena como se de um realizador de cinema se tratasse já estava sombrio, totalmente incrédulo. Ameaçava aquilo que entre os seus convencionamos chamar “a fúria dos justos”.
Quando a professora acabou a intervenção ouviram-se uns tímidos aplausos. O silêncio ainda não era completo, mas era agora muito maior, afinal de contas era a vez de Sampaio falar. O barulho dos pratos e talheres deram uma trégua. O candidato agradeceu as palavras da mandataria, pedindo-lhe inclusive as folhas onde o discurso que acabara de pronunciar estava escrito, guardando-as no boldo do casaco.
De seguida virou-se para a assistência e atirou, visivelmente crispado: “Uma vez que V.Exªs estão mais interessados em comer do que em ouvir o discurso da Drª Laurinda, não vale a pena eu dizer mais nada, já percebi que não estão cá para ouvir, V Exªs querem é continuar a comer”.
Foram as únicas palavras de Sampaio nessa noite em Buarcos, descendo imediatamente do estrado na companhia da sua mandatária.
Percorreu em passo apresado a sala a caminho da porta e saiu. Não tolerava faltas de consideração ou respeito fosse com quem fosse...
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