Perfaz 10 anos em 2023 que a praia deixou de ser limpa... para ficar a “consolidar” e mais bonita! Teve piada, não teve!?

Em 2023 assinalam-se 10 anos em que o areal da praia da Figueira da Foz deixou de ser limpo, com a alegação do então presidente da câmara dr. João Ataíde que “era preciso consolidar o areal”, dando para isso diversas explicações, entre as quais a mais sonante era a de “evitar que as areias invadissem a marginal”!

Como o primeiro ano em que se passou um verão sem a praia ser limpa foi em 2013 (meses de abril ou maio em que começava essa limpeza) no próximo ano perfaz 10 anos em que se assinala tão triste efeméride. E cabe aqui a pergunta: Como irá ser para o ano!?

O atual presidente dr. Pedro Santana Lopes, que ao início da sua candidatura tinha dito que iria limpar “todo aquele areal”, colocou ainda antes das eleições autárquicas um travão ao afirmar mais ou menos isto, numa sua intervenção de candidatura nos jardins do CAE: “...eu disse que iria limpar o areal da praia, mas alertaram-me para o facto de, sem aquela vegetação, as areias poderem vir a atingir a avenida...”

Entretanto, e numa pesquisa na net sobre este assunto para procurar mais dados, descobrimos o seguinte texto, publicado por Carlos Tenreiro citando um abaixo-assinado datado de 2015, bastante elucidativo, que abaixo reproduzimos:

“LIMPEZA DO AREAL DA PRAIA DA FIGUEIRA DA FOZ

Antes do início do Verão do ano de 2015 foi tomada iniciativa de se fazer um abaixo-assinado dos denominados Amigos da Praia da Claridade na Figueira da Foz, lamentando que o seu areal já não era limpo desde o Verão 2013, quebrada, assim, uma tradição centenária, pelo que, vinham junto do Presidente da Câmara Municipal, Vereadores, Presidente da Assembleia Municipal e Deputados Municipais, solicitar que a Câmara Municipal da Figueira da Foz retomasse de novo os serviços de limpeza a partir daquele Verão, no sentido de conferir à “Rainha das Praias de Portugal” aquela imagem que a mesma sempre apresentou, duma praia mundialmente famosa, cartão de visita desta cidade.

Em tempo record de 15 dias, foram recolhidas 2.500 assinaturas tendo o referido abaixo assinado sido levado ao conhecimento do então Presidente da Câmara Municipal, Dr.João Ataíde, em reunião aberta ao público, no qual, foi porta voz da iniciativa, o Dr.Miguel Amaral.

O Presidente da Câmara Municipal mostrou-se irredutível na sua posição, contrária à limpeza, e em resposta afirmou o seguinte: “não se limpa o areal porque o areal era um lugar desertificado e agora passou a ter espécies vegetais pioneiras, acabou com as tempestades de areia em dias de nortada e é uma forma de consolidar a duna”.

Até hoje continua por saber onde se encontram as ditas espécies vegetais pioneiras(!?), de que forma é que as areias levantadas pelo vento (em meia dúzia de dias de nortada por ano) afectam a cidade e, fica também por saber, onde se localiza a dita “duna”(!?) sabendo-se que o areal é fruto duma retenção forçada de areias (impedidas de passar devido ao molhe norte) não existindo nenhuma duna natural ou sequer artificial merecedora de protecção ambiental.

O referido abaixo-assinado, com 2.500 assinaturas colhidas em 15 dias, acabou por ser depositado no Município, embora a sua entrega tenha sido efectuada, posteriormente, no decurso duma Assembleia Municipal, confiado nas mãos do Presidente da Assembleia Municipal, Eng. José Duarte Pereira, individualidade autárquica que se mostrou sensível aquela petição, sabendo receber e compreender as razões daquele manifesto.”