MP pediu cadeia para a mulher que deixou o pai à sua sorte em Quiaios e ao qual gastava a pensão - A advogada assumiu que cliente foi 'negligente' mas sem 'nenhuma intenção maléfica'!
O Ministério Público não ficou
com dúvidas de que a arguida praticou os factos constantes da
acusação e que, por isso, deve ser condenada a pena de cadeia
efetiva.A mulher de 60 anos, residente em
Quiaios, está a ser julgada por ter deixado o pai, que mora na
Figueira da Foz, à sua sorte ao mesmo tempo que lhe gastava o
dinheiro que este recebia da pensão.
Segundo o Diário de Coimbra de
ontem, nas alegações finais deste julgamento - que decorre
em Coimbra - quer a magistrada do Ministério Público quer as
advogadas das instituições que prestaram o devido ao apoio ao pai
da arguida foram unânimes ao sublinhar o abandono a que o senhor, de
90 anos, foi sujeito (por exemplo, perante a falta de gás aquecia-se
com uma torradeira) ao mesmo tempo que a arguida utilizava o dinheiro
das pensões do progenitor 'em benefício próprio'.
Como se percebeu no julgamento,
após a morte da sua mulher, em abril de 2020, o sénior ficou a
morar sozinho, no centro da Figueira da Foz, tendo sido 'contratada'
pela filha uma senhora para tratar da casa, da roupa e da comida.
'Pagou-me 50 euros ao início e depois nunca mais me deu nada',
afirmou em tribunal a referida empregada, que após alguns meses sem
receber deixou de lá ir. Foi então um vizinho que se apercebeu da
situação e foi levando, diariamente, as refeições ao senhor que
mal conseguia sair de casa, tendo em conta o seu estado débil. Como
explicou esse vizinho, chegou a ser contactado pelo administrador do
condomínio para, segundo ordens da filha, deixar de ir prestar
auxílio porque o pai não precisava de ajuda.
'Claro que não o fiz e continuei
a ajudar', contou, acrescentando que depois foi à PSP dar conta do
caso, o que levou a Cruz Vermelha e a Segurança Social a 'entrarem
no terreno'.
O cheiro nauseabundo, a pouca
comida (alguma estragada) no frigorífico e falta de limpeza marcaram
a primeira visita das técnicas à habitação. Chegou a faltar o gás
(um vizinho comprou as botijas) e a água também foi cortada por
falta de pagamento, com os Serviços de Ação Social da Câmara a
assumirem o pagamento. Perante todo este cenário de miséria, foram
várias as tentativas de contacto para a filha, única familiar deste
sénior, mas esta quase nunca atendeu as chamadas de quem tentava
ajudar o seu pai, que vivia numa casa que tinha sido doada à filha
pelo casal mas com uma reserva de usufruto que atribuía ao
progenitor o direito de ali viver enquanto vivo. Em contrapartida, a
filha tinha de prestar o apoio aos pais.
Paralelamente, a arguida tinha
acesso à conta bancária do pai onde este recebia cerca de 710 euros
mensais de pensão, dinheiro que fez seu, num valor que ronda os 30
mil euros. Além de não o apoiar - apesar de morar no mesmo concelho
e de não ter atividade profissional - também lhe ficava com o
dinheiro que este recebia.
Em tribunal, a arguida falou apenas na
fase final do julgamento e alegou que só não ficou com o pai em sua
casa porque este não se dava com o seu marido.
A sua advogada assumiu que a sua
cliente foi 'negligente' mas que 'não tinha qualquer intenção
maléfica', pedindo assim a absolvição da prática dos crimes de
violência doméstica e abuso de confiança.
=Fonte: Diário de Coimbra desta
segunda-feira dia 01 de abril=
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1 comentário:
Mal empregada mama.....
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