domingo, 11 de setembro de 2022

A Ponte Galante de antigamente recheada de histórias que vale a pena recordar... e onde até se fala da D. Branca!

A fotografia – que mostra a zona da Ponte do Galante entre a Figueira da Foz e Buarcos na década de 60 do século passado - circula há muito na Net, e foi hoje de novo replicada no Facebook pelo nosso leitor António Calheiros de Azevedo. Mas teve um extra, um texto escrito por Pedro Biscaia que fez um historial desse tempos:

“Na rua Alexandre Herculano vê-se, no início, a moradia do Dr. Medeiros, mais tarde adquirida pela família Borges. Depois é visível a vivenda que pertenceu ao Dr. Gilberto Vasco, uma nesga da casa onde vivi a minha infância e adolescência, e ainda um plano do prédio do Sr. José de Lemos. Encobertas na fotografia estão a Vila Rosa e também, um pouco mais acima, a fantástica vivenda do Sr. Carlos Lino, que consta de obras de referência arquitetónica, posteriormente adquirida pelo Dr. Trillo e Blanco.

As casas no primeiro plano foram demolidas para a construção nunca concretizada de um hotel cujo promotor era o Sr. Pereira da Silva."

….............

"Esta era a 'minha rua', onde raramente passavam carros, onde ainda existia um sentido de vizinhança que, numa saudação amável, atenuava as diferenças sociais. Ali moravam importantes empresários, um médico, dois advogados, mas também operários, senhoras da limpeza, gente sem casa de banho própria, costureiras, uma vendedeira de pevides, analfabetos a quem líamos cartas do Brasil havia hortas, árvores de fruto, poços de água duas tabernas...mas um espírito gregário ímpar.

Fazíamos cabanas nas traseiras, o Quim Catrapila que era mais velho mas que inventou um grito de chamada que todos conhecíamos, o Bino, o Camané, a Tina, o Zé Pires, o Quim Telha Marselha, o Flores, o Zé Bolha, os irmãos Mota, a Lucinda, a Olga Vasco... e eu e a minha irmã éramos uma tribo, partilhávamos a sandes, emprestávamos as bicicletas e os legos, íamos para a praia no inverno e suspeito que fomos felizes assim...

A foto é da década de 60 do século passado, era presidente da Câmara Municipal da Figueira da Foz o engenheiro Coelho Jordão, que o foi até 1971. Foi por sua determinação que se abriu a rua Almeida Garrett o que teve como consequência a demolição da chamada Vila Rodrigues (do pai do falecido fotógrafo Bino), a Vila Estrela e, mais tarde, a Vila Rosa. Estás 'vilas' eram a versão figueirense das 'ilhas' do Porto e, em certa medida, dos pátios sociais de Lisboa. A avenida do Brasil foi inaugurada em 1967.

Coincidentemente o empresário figueirense José Pereira da Silva queria fazer um hotel naquela zona. Até teve conversações de financiamento com a famosa D. Branca que chegou a visitar o local! Obviamente não foi por diante.

Já depois da demolição era nesse terreiro que estacionavam os autocarros de peregrinos de Fátima. Nós garotos malandros convencíamos os peregrinos que a escada que dava acesso aos sanitários era a entrada para o Metro gratuito até Buarcos...”

6 comentários:

Unknown disse...

Penso que a foto será anterior à data referida.
A partir de 1952,já eu passava na camioneta do Farreca pela Ponte do Galante,diariamente,a caminho do Jardim Escola.Lembro-me da vivenda grande,mas em primeiro plano,recordo claramente a existência de duas pequenas vivendas cor-de-rosa,geminadas que marcavam o início da "Praia de Buarcos".Fiz o percurso Buarcos-largo do Carvão,durante toda a minha infância,adolescência e parte da juventude até completar o 7º ano do liceu.A minha memória não mepode estar a atraiçoar!
Mª Josefina da Gama Falcão Correia.

Anónimo disse...

As casa geminadas cor de rosa, a que alude, creio serem já na Ponte do Galante, na proximidade da rua Simões Barreto e do bairro dos Briolanjas.

Anónimo disse...

Uma zona fantástica completamente destruída pelo dinheiro e poder. Falo do empreendimento “embutido” e do hotel “barco fantasma”. Mas, quem se preocupa com o antigo jardim escola (ao cimo da R Alexandre Herculano)?? Só o Sr Florido tem focado a degradação desse magnífico espaço. Que interesses escondidos há????

Anónimo disse...

Concordo. Também me parece anterior, porque a partir de 1957 eu fazia esse percurso diariamente, entre a Praia de Buarcos e o Colégio de Santa Catarina e depois para o liceu até ao sétimo ano. Embora tenha memória de algumas destas casas de outras não.

Anónimo disse...

Foi em 1947 que eu nasci na ponte galante nas casinhas baixinhas que ali se encontravam já tudo passou que saudades bjs para todos Mitó

Anónimo disse...

As casas cor de rosa são as ainda existentes . Estão depois do muro que se vê a esquerda

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