Carta enviada via email à nossa redação por um leitor com o pedido de publicação:
“-Hoje gostaria de falar sobre a minha rua, Rua Direita do Monte, onde resido há cerca de 40 anos!
Foi uma das principais vias de entrada na Figueira da Foz tendo já passado por várias situações de mudança de nome. Começou a ser construída em 1732 tendo sido inicialmente designada por Estrada das Lamas, passando depois por alguns outros toponímicos como Estrada para a Várzea, Rua do Monte, Rua Direita das Lamas até chegar à designação atual. Rezam ainda os escritos que esta era ‘’uma rua sobre as suas praias e penedias, e que era em grande parte terreno baldio’’.
Atualmente dá continuidade à Ladeira do Monte, que começa na Praça 8 de Maio, terminando na Rua 10 de Agosto.
Dá possibilidade de estacionamento grátis, uma raridade nesta zona, pelo que a frequência de viaturas é enorme. Trânsito então não se fala, a procura de lugares não perdoa, além de servir de passagem da Praça 8 de Maio para a ruas Fernandes Tomás e Saraiva de Carvalho, via parte final da Rua 10 de Agosto.
Aqui passa muita gente servindo também de passagem a muitos estudantes, pois representa um atalho para as diversas escolas.
Seria, portanto, fácil de ajuizar que esta era uma rua agradável, sossegada, limpa e bem cuidada, com algum movimento, rodoviário e pedonal. Mas a realidade não é essa, a realidade alarmante é o comprovado facto de como as entidades responsáveis – se é que as há! - decretam um total abandono a esta rua, mantendo-a durante vários anos em estado letárgico e lastimável, conforme se pode entender pelas seguintes situações:
1) Entrada pela Ladeira do Monte (placa toponímica logo no primeiro edifício à esquerda), chegando propriamente à Rua Direita do Monte conforme placa identificativa no edifício do lado esquerdo. Meia dúzia de metros adiante, do lado direito, no muro atrás dos contentores do lixo, uma velha placa indicando novamente Ladeira do Monte, seguindo a rua até ao seu final, onde se encontra nova placa já com a designação correta de Rua Direita do Monte (ufa)!
2) Os contentores do lixo, quase sempre a abarrotar, estão em estado miserável de limpeza, e todo o chão à sua volta é um amontoado de porcaria, pois ninguém faz limpeza naquele sítio;
3) A própria rua, toda ela, parece mesmo comprovar que se está numa zona de ‘penedias’ tantos são os buracos, os remendos apressados de alcatrão, os altos e baixos da estrada, não sendo necessário ir para o mar para ver acontecer aqui algum ‘naufrágio’ um dia destes;
4) O estacionamento ao começo da rua, do lado esquerdo, tem um piso muito ‘sui generis’, todo ele constituído por calhaus soltos;
5) As valetas de escoamento das águas do lado esquerdo da rua, por vezes, parecem pântanos camuflados tal o amontoado de ervas e matagal. Do lado direito parece ainda pior, com valetas entupidas, águas estagnadas e sujas, pois ninguém desentope as passagens das mesmas. Àh, falta acrescentar que o funcionário camarário que aqui passa, supostamente para limpar a rua, olha mal só para um dos lados, e a velocidade com que entra na ladeira é a mesma com que passa por toda a rua, raramente efetuando qualquer limpeza.
6) Estão em exposição alguns edifícios em estado deplorável mas com portas ou tapumes muito criativos, restos de portões, chapas de alumínio velho, meias portas e até paletes.
7) A porta da caixa dos Serviços de Incêndio existente na parede do Fozcenter encontra-se partida e saída para fora mesmo a jeito de levar pontapés de quem passa;
8) Ao fundo da rua, na parte final do lado direito, o passeio calcetado está cheio de montes de excrementos de pombas que param nas janelas dos velhos edifícios ali existentes;
9) Por último, a rua sempre teve uma deficiente iluminação!
Será que nesta rua, tão próxima da Câmara Municipal, não passam nenhuns ‘olheiros’, ou fiscais, ou lá como lhes queiram chamar, isto se é que os há!? É que é vergonhoso como os seus habitantes, pagando os seus impostos, só têm direito a incúria e falta de responsabilidade!
Carlos Lebre, Rua Direita do Monte, Figueira da Foz”